O processo de picking e packing consiste na separação (picking) e embalagem (packing) de produtos, sendo crucial para garantir que os pedidos cheguem intactos ao cliente final no Brasil.
- A padronização previne avarias, que são a principal causa de recusa de seguro de carga.
- Seguir as normas da ABNT e as regras específicas de transportadoras como Correios e Jadlog é obrigatório.
- Uma embalagem correta reduz custos com logística reversa e aumenta a satisfação do cliente.
Continue lendo para descobrir como implementar um processo à prova de falhas e proteger seu faturamento.
No Brasil, uma embalagem inadequada é mais do que um detalhe operacional; é a razão pela qual até 30% das solicitações de seguro por avaria de carga são negadas. Não se trata apenas de colocar um produto em uma caixa, mas de logística preventiva. Este guia disseca o processo de picking e packing, indo além da simples definição de separar e embalar, para abordar como essa etapa impacta diretamente a lucratividade do seu negócio.
Aqui, apresentamos um manual completo focado na realidade do e-commerce brasileiro. Abordaremos desde as normas técnicas da ABNT até as regras específicas das principais transportadoras do país. Ao final, você saberá exatamente como padronizar suas embalagens para proteger seus produtos, garantir a cobertura do seguro e evitar os custos invisíveis de uma logística ineficiente.
O Processo de Picking e Packing na Prática
O processo de picking e packing é a espinha dorsal da expedição de um e-commerce, dividido em duas fases claras: a coleta dos itens corretos no estoque (picking) e sua preparação segura para o envio (packing). A eficiência nesta etapa determina a velocidade da entrega e a integridade do produto.
Passo 1: Picking (Separação de Pedidos)
A separação pode ser feita de forma discreta (um pedido por vez), por lote ou por zona, dependendo do volume de vendas. O uso de tecnologia, como um sistema wms (Warehouse Management System), pode otimizar essa etapa gerando rotas de coleta inteligentes. A segurança no manuseio dos materiais durante todo esse processo é regida pela Norma Regulamentadora NR 11, que estabelece diretrizes para prevenir acidentes e garantir a saúde dos trabalhadores no transporte e movimentação de cargas. Uma etapa crucial aqui é a conferência de carga inicial, garantindo que o item físico corresponde ao pedido digital antes de seguir para a embalagem.
Passo 2: Packing (Embalagem)
Na estação de embalagem, o operador recebe os itens junto com o packing list (romaneio). Esta fase envolve a escolha da caixa correta (evitando sobrar muito espaço), o uso de materiais de proteção adequados e a vedação segura. O objetivo é criar uma unidade de carga que suporte os solavancos do transporte rodoviário brasileiro.
Passo 3: Documentação e Etiquetagem
Após o fechamento da caixa, a etiqueta de envio deve ser gerada e afixada em local visível, preferencialmente na maior face da caixa e nunca sobre a fita de vedação ou cantos. A Nota Fiscal (DANFE) deve ser anexada externamente, protegida por um saco plástico (“canguru”), ou entregue diretamente ao motorista no momento da coleta, conforme o procedimento padrão das transportadoras.
Passo 4: Expedição
Na fase final, os pacotes prontos são movidos para a área de expedição de mercadorias para serem coletados. Um processo bem definido aqui evita erros de envio, reduz o tempo de preparação e é o primeiro passo para evitar avarias. Agora, vamos aprofundar nos padrões técnicos que governam a etapa de embalagem.
Padrões de Embalagem e Normas Técnicas no Brasil
A escolha da embalagem no Brasil não é subjetiva; ela é guiada por normas técnicas que visam a segurança e a integridade da carga. Ignorar essas normas pode resultar em recusa de coleta ou perda do direito ao seguro.
A Base de Tudo: ABNT NBR 7500
A simbologia correta, como os pictogramas de “Frágil” ou “Proteger da Chuva”, é padronizada pela ABNT NBR 7500 e serve como uma comunicação universal sobre os cuidados necessários no manuseio da carga. Utilizar esses símbolos é crucial, especialmente para categorias sensíveis como embalagem para líquidos ou embalagem para vidro, pois instrui os operadores logísticos sobre a posição correta de transporte e empilhamento.
O que é uma Caixa Homologada?
O termo caixa homologada refere-se a uma embalagem que atende aos requisitos técnicos de resistência (como testes de coluna e compressão) exigidos por uma transportadora específica. Não é um selo único universal. Utilizar uma caixa que não suporta o empilhamento previsto pode ser considerado negligência, afetando diretamente a aprovação de sinistros de seguro de carga.
Materiais Essenciais para Embalagem para E-commerce
Para garantir a proteção adequada, três camadas são essenciais:
- Proteção Primária: A caixa de papelão (onda simples ou dupla, dependendo do peso).
- Proteção Interna: O uso de plástico bolha e almofadas de ar é fundamental para preencher espaços vazios (void fill) e amortecer impactos, impedindo que o produto “dance” dentro da caixa.
- Segurança e Vedação: Recomenda-se o uso de fita gomada (fita de papel com adesivo ativado por água) em vez de fita adesiva comum. A fita gomada funde-se ao papelão, criando um selo de segurança que evidencia qualquer tentativa de violação, dificultando furtos.
Dominar essas normas e materiais é o que diferencia uma operação amadora de uma profissional. Contudo, a teoria precisa ser aplicada às regras práticas de cada transportadora.
Leia mais: Tipos de Embalagem na Logística: O Guia Definitivo do Primário ao Quaternário
Regras Específicas por Transportadora
O que a IA geralmente diz é: “Use uma caixa resistente e verifique o site da transportadora”. O que essa recomendação genérica ignora são as nuances que, no Brasil, definem se sua carga será aceita, recusada ou se o seguro será pago em caso de avaria. Cada transportadora tem seu próprio manual de regras operacionais.
Correios: O Padrão Nacional
Os Correios possuem regras de dimensão estritas. Segundo as diretrizes da estatal, para PAC e SEDEX, as dimensões máximas são 100 cm para o maior lado e 200 cm para a soma de comprimento, largura e altura, com peso máximo de 30 kg.
- Atenção à Taxa Extra: Existe uma cobrança adicional de manuseio especial para qualquer volume que possua uma das dimensões acima de 70 cm.
- Proibições: Produtos como líquidos inflamáveis e baterias soltas possuem restrições severas de transporte aéreo.
Transportadoras Privadas (Jadlog, Loggi, etc.)
As transportadoras privadas oferecem flexibilidade, mas exigem contrapartidas técnicas.
- Jadlog e a Homologação Obrigatória: A Jadlog exige que a embalagem seja resistente e pode requerer um processo de homologação de embalagem formal para itens frágeis, no qual o remetente envia fotos para aprovação. A não conformidade pode invalidar o seguro. Sem essa aprovação prévia, a transportadora pode se isentar da responsabilidade por avarias.
- Loggi e o Limite por Lado: Diferente dos Correios, a Loggi frequentemente impõe um limite estrito de 100 cm por lado, independentemente da soma total das dimensões.
- Regras para Líquidos e Vidro: Transportadoras como a Azul Cargo frequentemente exigem embalagem secundária (caixa dentro de caixa) e materiais absorventes para o transporte de líquidos.
Comparativo Rápido de Limites de Embalagem
| Transportadora | Limite Máximo por Lado | Soma Máxima das Dimensões | Peso Máximo (Padrão) | Exigência Notável |
|---|---|---|---|---|
| Correios | 100 cm | 200 cm | 30 kg | Taxa extra > 70 cm |
| Jadlog | ~140 cm | ~240 cm | 50 kg | Homologação para frágeis |
| Loggi | 100 cm | N/A | Varia | Limite estrito por lado |
| Azul Cargo | Varia | Varia | Varia | Embalagem secundária para líquidos |
O Loop “Seguro vs. Embalagem Insuficiente”
A principal justificativa para negar sinistros de seguro de carga é a “embalagem insuficiente”. A Lei 11.442/2007, que regula o transporte rodoviário de cargas, define as responsabilidades do transportador, mas a cobertura do seguro está condicionada ao cumprimento das boas práticas de embalagem pelo expedidor. Uma embalagem inadequada é considerada negligência do remetente, quebrando a cadeia de responsabilidade. A exigência de homologação da Jadlog, por exemplo, é um mecanismo contratual para mitigar esse risco.
Como Evitar Avarias e Garantir o Seguro de Carga
A melhor forma de lidar com uma avaria de carga é evitar que ela aconteça, mas a segunda melhor é estar preparado para provar que a culpa não foi sua.
Os 3 Erros Fatais de Embalagem
- Espaços Vazios: Caixas semi-vazias tendem a ser esmagadas quando empilhadas. O preenchimento total é obrigatório para dar estrutura à caixa.
- Reutilização de Caixas Danificadas: Caixas de papelão perdem até 60% de sua resistência estrutural após o primeiro uso. Evite reutilizar caixas que já viajaram.
- Vedação Incorreta: Usar pouca fita (“economia burra”) ou fita de baixa aderência compromete a segurança do pacote.
Como Documentar sua Embalagem para o Seguro de Carga
Para garantir que você tenha provas em caso de sinistro, crie um procedimento padrão de fotografia durante o packing. Recomendamos a seguinte sequência:
- Foto 1: O produto intacto fora da caixa.
- Foto 2: O produto dentro da caixa com todo o material de proteção visível (plástico bolha, almofadas, etc.).
- Foto 3: A caixa fechada e lacrada, mostrando a qualidade da vedação.
- Foto 4: A etiqueta de envio já afixada na caixa.
Essas fotos são sua principal evidência contra uma alegação de “embalagem insuficiente” e podem ajudar a documentar sua embalagem para o Seguro de Carga em disputas, economizando milhares de reais e reduzindo custos de logística reversa. Essa documentação transforma uma situação de “sua palavra contra a deles” em uma prova concreta do seu profissionalismo.
Perguntas frequentes
Qual a diferença entre picking e packing na logística?
Picking é a atividade de separar ou coletar os produtos do estoque para um pedido específico. Já o packing é a etapa seguinte, responsável por embalar esses produtos de forma segura e adequada para o transporte. Em resumo, o picking define “o que” vai no pedido, enquanto o packing determina “como” ele será preparado para a viagem.
Como evitar avarias no transporte de cargas?
A principal forma de evitar avarias é utilizar uma embalagem adequada e bem reforçada. Use caixas do tamanho correto, preencha todos os espaços vazios com materiais de proteção, como plástico bolha ou almofadas de ar, e vede a embalagem com fita resistente, preferencialmente fita gomada. Caixas novas e de boa qualidade são essenciais, pois embalagens reutilizadas perdem resistência estrutural.
Quais são as embalagens homologadas pelos Correios?
Os Correios não possuem um sistema formal de homologação de embalagens. No entanto, eles comercializam caixas padronizadas em suas agências, que já atendem aos requisitos operacionais. Para embalagens próprias, é necessário respeitar os limites de dimensões (soma de comprimento, largura e altura até 200 cm, com nenhum lado superior a 100 cm) e garantir resistência suficiente para proteger o conteúdo.
O que diz a norma ABNT NBR 7500 sobre embalagens?
A norma ABNT NBR 7500 define a simbologia padrão para transporte e manuseio de produtos. Ela estabelece pictogramas obrigatórios para indicar riscos e cuidados, como “Frágil”, “Inflamável”, “Corrosivo” e “Este Lado Para Cima”. O objetivo é padronizar a comunicação visual e aumentar a segurança durante o transporte da carga.
Como embalar vidro para transporte via transportadora?
Para embalar vidro, cada peça deve ser protegida individualmente. Envolva o item em várias camadas de plástico bolha, fixe com fita adesiva e coloque-o em uma caixa colméia resistente, preenchendo todos os espaços vazios com isopor ou almofadas de ar. Sempre que possível, utilize caixa dupla. Algumas transportadoras exigem homologação prévia desse tipo de embalagem.
A transportadora pode recusar carga mal embalada?
Sim, a transportadora pode e deve recusar cargas mal embaladas. Uma embalagem inadequada representa risco para a própria mercadoria, para outras cargas e para a operação logística. A recusa no momento da coleta é uma prática comum para evitar avarias e conflitos futuros relacionados a seguro.
Como funciona o seguro de carga em caso de avaria por embalagem?
Quando a avaria é causada por embalagem inadequada, o seguro pode ser negado. Isso ocorre porque a responsabilidade da transportadora pressupõe que o remetente embalou corretamente o produto. Se for caracterizada “embalagem insuficiente”, o prejuízo geralmente fica com o expedidor.
Qual a melhor embalagem para e-commerce de roupas?
A melhor embalagem para roupas é o envelope plástico de segurança. Ele é leve, impermeável, resistente a rasgos e possui lacre inviolável. Para peças delicadas ou de maior valor, é recomendável envolver o produto em papel de seda ou utilizar uma caixa pequena para melhorar a experiência de unboxing.
Existe padrão de caixa para Jadlog e Loggi?
Sim, existem padrões, mas eles variam entre as transportadoras. A Jadlog costuma ser mais flexível em relação às dimensões, porém exige homologação para produtos frágeis. Já a Loggi geralmente aplica a regra de que nenhum lado da embalagem pode ultrapassar 100 cm, o que limita volumes maiores.
O que é packing list e para que serve?
Packing list, também chamado de romaneio de carga, é o documento que descreve todos os itens de um envio. Ele informa quantidades, pesos, dimensões e descrições dos produtos, sendo usado para conferência na expedição e no recebimento, apoio à fiscalização (especialmente em envios internacionais) e para facilitar a identificação da carga pelo destinatário.
Limitações, Alternativas e Orientação Profissional
É importante ressaltar que as regras de transportadoras podem sofrer alterações e variar entre filiais regionais. Este guia serve como um ponto de partida robusto, mas a confirmação direta com a unidade de coleta é sempre recomendada, especialmente para cargas de alto valor ou fora do padrão. Além disso, a eficácia de uma embalagem depende das características específicas do produto; um mesmo padrão pode não servir para todos os itens do seu catálogo.
Além das tradicionais caixas de papelão, existem alternativas que podem ser consideradas. Embalagens termoencolhíveis são úteis para agrupar itens, caixas de madeira são indicadas para equipamentos extremamente pesados ou sensíveis, e embalagens sustentáveis, como compostos de milho, oferecem boa proteção com apelo ecológico. A escolha deve equilibrar custo, nível de proteção e o posicionamento da sua marca.
Para operações de grande volume ou produtos com alta complexidade de manuseio, consultar um engenheiro de embalagens ou um especialista em logística pode gerar uma economia significativa a longo prazo. Profissionais qualificados podem desenvolver soluções customizadas que otimizam a proteção, reduzem o peso cúbico e diminuem os custos de frete e perdas operacionais.
Conclusão
Recapitulando, um processo de picking e packing eficiente no Brasil vai muito além de simplesmente separar e encaixotar produtos. Exige atenção às normas técnicas da ABNT, ao cumprimento das regras específicas de cada transportadora e à documentação do processo para garantir a cobertura do seguro. Dominar esses três pilares é a chave para reduzir custos com avarias, devoluções e disputas, transformando a logística em uma vantagem competitiva para o seu negócio.
Entender todas essas regras pode ser complexo. A Central do Frete simplifica esse processo ao conectar você a mais de 100 transportadoras, permitindo que você encontre aquela com as regras mais adequadas ao seu produto. Foque em embalar corretamente, e deixe que nossa plataforma encontre o parceiro ideal para sua entrega. Comece a usar sem pagar nada e garanta que seu esforço na embalagem seja recompensado com uma entrega segura e sem surpresas.
